terça-feira, 4 de novembro de 2008

Coisas de Casais

Eliane acordou feliz naquela manhã. Não são todos os dias em que se completa 48 anos de casamento. Não é todo casal que suporta ou consegue chegar a este tempo de união. Não que Eliane estivesse totalmente satisfeita com seus 17.532 dias de matrimônio, passados ao lado de um homem que já não era mais o mesmo com quem ela se casara a quase 420.768 horas atrás – isto é, quase meio milhão de horas. Mas a data era um marco para ela, que no início sentiu-se meio imposta a se casar, porém, o que ela pensou naquele dia, a fez não dormir a noite, até porque esperava uma surpresa da parte de Oswaldo, que de fato a surpreendeu, chegando à manhã do dia seguinte completamente bêbado e desorientado.
Durante a tarde “Li” pensou há quanto tempo não era chamada assim? Há quanto tempo não mantinham a televisão desligado no domingo? Quando foi a última vez que ouvira a frase “Eu te amo” ou algo semelhante? Bem, a reposta desta questão, pelo menos, era fácil: há 3 anos em seu aniversário de 65 anos, seu único filho dissera isto pouco antes de sair de carro para comprar um bolo para festejar, quando nunca mais voltou. Era a violência urbana. Mas não se deixou abater, Oswaldo a fez perceber que a vida não acabara ali. Mas depois disso ou antes disso o que estava acontecendo com a vida dela? Não era mais vida, não conversava com seu bem de noite na cama, não sorria, nem faziam caminhadas. Será que se tratava da decadência? Culpa da idade? Ou da falta de vontade? Era a eternidade? Uma vez que o amor que dantes era eterno, agora chegara ao fim?
Por fim, Eliane continuou pensando antes de falar qualquer coisa com seu bem-aventurado marido!

Um comentário:

  1. A dor de se terminar um relacionamento é válida quando se percebe que é menor do que a de sofrer diariamente por algo que não se justifica mais.

    E existem tantos amores por ai!

    Bjs

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