domingo, 14 de novembro de 2010

Crônica de Novembro



Tarde de 04 de novembro. Decidi dar uma pausa em meu trabalho de conclusão de curso. Chamei minha mãe para irmos à casa de Alice, nossa vizinha. Chegando lá fui imediatamente para o quintal comer jabuticabas. A árvore estava carregada da deliciosa fruta preta, de modo que a madeira da jabuticabeira era quase imperceptível. Posteriormente fui mais ao fundo do terreno e derrubei cerca de dez mangas ubá para poder saborear mais tarde!

Mas o que mais marcou este dia não foi o doce sabor das deliciosas frutas negras, mas outra coisa. Ao sentar-me na varanda da cozinha, observei quatro pintinhos.  Todos completamente sem penas, magros e embora, segundo Alice, possuíssem 3 meses de idade, variavam no tamanho de modo muito contrastante. Dos quatro filhotes, dois não possuíam uma das patas. Fiquei sabendo que ratos as roeram quando os pintinhos ainda eram bem novos. Um terceiro era meio manco e cego de um dos olhos e o quarto franguinho, apesar de ser o único sem nenhuma deficiência aparente possuía um corpo esquio e feio, sem pena, desengonçado.

O que me chamou a atenção foi que todos estavam juntos, unidos e apesar das deficiências e problemas mantinham um “espírito” vivente. Minha mãe brincou que se ela fosse dona dos bichinhos teria sacrificado os coitados. Pensei um pouco sobre como nós, humanos somos. A maioria não se importa com a dor alheia, e eu ali, pensando no sofrimento de quatro seres “insignificantes” para o resto do mundo. Mas quantas vezes não nos deparamos com indigentes nas ruas de nossas cidades e não damos a mínima atenção ou não nos solidarizamos com o sofrimento alheio?

Um simples passeio de fim de tarde serviu-me para refletir sobre a vida, aborto, sobre humanidade e suas contrariedades. Serviu também para eu ter certeza que se estou com problema existem problemas maiores assombrando outras tantas pessoas, outras tantas criaturas e nem por isso os mesmos estão desesperados e infelizes. O problema é do tamanho que nós o criamos! Problemas sempre existirão, e a solução sempre vai estar conosco, basta abrir os olhos e enxergar.

Última Palavra

Eu não recordo qual foi a última palavra nem a última frase que você disse antes de partir... Eu não sei se isso é normal, mas sempre perco ...