Ele
se dizia poeta, mas não sabia rimar
As
pessoas não acreditavam em seus versos
Faltava
verdade, faltava vontade, faltava saber amar
Até
que ele mesmo deixou de acreditar...
Certa
vez, esse nosso amigo poeta, parou de poetizar
Ele
percebeu que não tinha mais habilidade com a caneta nas mãos
Suas
armas foram colocadas no fundo da gaveta
Do
lado de seus sonhos, dos projetos, de sua vida...
Quando
era jovem o poeta achava que sabia rimar
Seus
poemas em versos livres também pareciam perfeitos
Suas
intervenções nas folhas de papéis, considerava-as fabulosas
Ele
acreditava que sabia qualquer tema abordar.
O
poeta queria voltar para os tempos de outrora
Em
que os versos, estrofes e palavras saiam naturalmente
Quando
as palavras brotavam não de sua cabeça
Mas
suas poesias eram externalização do seu coração.
Quando
ele falou para sua mãe que queria ser poeta
Depois
de muitas lágrimas, ela preocupada, sentenciou:
'profissão
de risco meu filho, não faça isso, por favor!'
Seu
pai nada disse, além de que não criara filho pra isso..
Mas
o jovem Poeta tinha um sonho de mudar o mundo
E
partiu na estrada da incerteza, saiu a poetizar
No
caminho, casou, teve filhos, e espalhou versos por onde passou
Mas,
certo dia já na velhice, o poeta descobriu que não sabia rimar
Então
o poeta pegou seus textos antigos e leu todos
Fez-se
Dom Casmurro e se pôs nessa busca por atar as pontas da vida
Enfim
percebeu, o problema não estava na falta de rimas
Descobriu
quase morrendo que já havia morrido há anos
Quando
deixou de saber amar!