sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sinfonia dos Sonhos (Marcus Viana)

Os planos
E Os sonhos
que ardem em nós
diamantes no fundo
de um rio a rolar
Cometas pelo céu
Os sonhos são assim
Essencia luz das constelações
a plenitude do fim
Seguea nave vida
pelo azul
e os nossos desejos
vão além além
Teu corpo
Alegre
Colado ao meu
A vida
Pulsando
Na luz dessa manhã
Um novo mundo vem
Nos estaremos lá
Nas praias de um futuro bom
Grãos de Areia a brilhar ...

Uma noite

“Cada doença pertence a um doente. Cada doente tem uma mente. Cada mente é um universo infinito.”

Augusto Cury

Há mais de uma semana ela não conseguia dormir direito. E Clarisse adormeceu. A dor fatigava-lhe, não agüentava mais. Há dois anos estava enclausurada naquele hospital. Não recebia mais visitas constantes. Sabia que aquele seria seu último lar. Mas a dor maior era o abandono. Abandonada pelo marido, pelos filhos, pelos amigos, por Deus. Pobre Clarisse! Mas o pior abandono era o dela mesma. Não queria mais viver. Queria que Deus se redimisse dos pecados dele e ao menos fosse justo e a levasse dali. Blasfêmia! Era o que todos diziam quando expressava sua teoria. Mas pouco se importava para a opinião dos outros. Ainda não tinha compreendido porque chegara aquele estado. Não entendera até aquele momento o motivo de sua existência, não queria pensar nisso agora, por qual motivo pensar na vida, quando a morte bate a porta como se fosse arrombar a morada? E naquela noite, ao contrário dos últimos dias, ela pousou a cabeça no macio travesseiro e repousou tão leve e serena como nunca fizera antes... Era o começo...

Falar o quê?

_Sorria André!
_Por quê?
_Porque hoje é um dia ótimo!
_P’ra você!
_Nossa... Que mau humor
_Nada...
_Vixi... ‘Tá afetado!
_Vai se.... (...) To nada! É o calor
_Hãn hãn! Sei. Que foi?
_Já disse! Nada!
_Que nada que nada, já viu alguém ficar assim por nada?
_(Impaciente) Vai continuar insistindo?
_(Sorrindo) Sim...

(....)
André levantou a barra da camisa, sacou de sua cintura uma arma calibre 38 e alvejou seu interlocutor com três tiros. Dois na cabeça e um no coração.


Às vezes as pessoas só que se calar, precisam de silêncio e de um tempo para pensar...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Final de Semana

Domingo passado meu vizinho me chamou para jogar bola no campo da fazenda. No sábado, abri a última gaveta do guarda-roupa do meu quarto e deparei com minha coleção de cartões. São mais de 2.000 unidades amontoadas em duas pastas e alguns misturados no fundo da gaveta com papéis velhos e novos que se confundem e se degradam com o passar dos dias.
Saí no quintal e ao olhar para cima... vejo vários cocos em tempo de serem apanhados, cocos nucifera L da família das Arecaceae, enfim, coco da baía mesmo, embora discorde desta nomenclatura, uma vez que o coqueiro lá de casa é muito mais mineiro que “nordestino”, já que qualquer lugar ao norte do sudeste é chamado de nordestino. Mas voltando ao que dizia, olhei aquelas obras da criação divina e não tive dúvidas. Lá fui eu fazendo estripulia, armei a escada. E arriba! Quer dizer e subi e peguei os cocos e desci e tomei muita água do seu ventre, digo, do seu interior. Calor, primavera com cara de verão. E a região metropolitana de Sabará está cada vez mais quente nos últimos dias.
Mas não fui jogar bola neste final de semana, também não organizei os cartões, tão pouco, cortei o cabelo, quanto mais a barba, apenas pensei, refleti, li, brinquei, chorei e sorri.
Foi um final de semana normal, subi em pé de manga taquei pedras pro alto sem motivo aparente, comi jambo ainda verde e também maduro, vi a destruição e observei o futuro.
Não foi um fim de semana bom, relembrei coisas que não queria mais saber que aconteceram e relembrei coisas que ainda vão acontecer como dito, não foi bom, foi maravilhoso.
A felicidade não está no outro parte do interior e se encontra em cada sementinha por mais simples e imbecil que possa parecer!

Contradição

Só por instante quero estar preso por vontade própria
Em um universo infinito que se forme por e para mim
Quero viver sem precisar de correntes
Amarrado ao céu e as estrelas que se fazem presente
Sem sentir o mundo que sente a falta de ser feliz
Sem necessariamente entender a demanda da fé
Crer naquilo que não se vê, sem medo de se fazer bem
Quero fazer o mal ao menos uma vez
Quero atormentar o coração de quem eu amo e me deixa amar
Quero envenenar a alma e o corpo daqueles que me fizeram mal
Mas quero em um segundo que seja falar o que ta aqui
Que está preso em minha traquéia e é regurgitado agora
Falar todos os termos que humilhem e derrotem o inimigo
Quero ser mais egoísta do que sou
E ser mais odiado do que amado,
Quero viver sem precisar ligar para o que você me diz
E dizer aquilo que você tem medo de ouvir
Porque tu sabes que se decepcionará
Amor te mata
A morte mata
Amar-te Mata-me
Mata
Morte
Mote
Amar-te
Morres tu
Porque em mim pra sempre vai haver o sentimento de contradição!

Pisando em Papel

Acordei falando isso umas duas vezes seguidas sem saber o significado. Levantei e continuei pensando no significado destas três palavras: pisando em papel! Já ouvi diversas vezes a expressão pisando em ovos, porém em papel nunca tinha ouvido antes. Não fiz e, talvez ainda não faça, a menor idéia do significado do que disse, pode ter sido algo remanescente de algum sonho ou pesadelo, até porque, se foi ou não, de verdade, não me lembro.
Só sei que depois de repetir os três termos não consegui mais dormi. Fiquei esperando o alarme do celular me lembrar que estava na hora de arrumar para mais um dia, para mais uma terça. Porém, uma terça-feira, 28 de outubro diferente, pois passarei o dia inteiro tentando desvendar o mistério das palavras que dizemos sem saber o que significam. Bem dos males, o melhor, pelo menos não sei o que disse enquanto ainda, de certa forma, dormia, enquanto tantos outros insistem em falar tantas coisas sem nenhuma utilidade estando acordado... Mas para garantir vou tentar passar o dia “pisando em papéis”.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sensações...

Acordei com a sensação de ainda estar dormindo, isto, talvez, porque não quisesse estar no mundo naquele dia. Simplesmente se perdeu... Tudo o que eu mais queria não poderia mais ter, se fez desilusão, enfim, não deu. Fiz de tudo para tentar não perder, mas a vida é um jogo, o qual não admite empates, ou se perde ou se é vencido, ninguém ganha, o destino final é um só pra quem passou a vida inteira sorrindo e pra quem chorou durante todos os dias da vida.

Viver não é sorrir trinta horas por dia, nem querer ser bom naquilo que não sabe-se fazer, este é o meu mal maior e maior medo: querer ser aquilo que os outros querem que eu seja, mas sou o que a sociedade deseja que eu fosse, e não realmente o que eu queria ser.

Que sensação estranha, talvez o que há de mais bonito em nossa relação é que a primeira vez em que você disse me amar foi quando terminamos aquilo que não deveria ter começado. Mas, talvez o fato de sermos dois adultos com coração (e mente) de criança tenha nos feito tão bem, crianças que brigam por causa de um brinquedo e que no instante seguinte brincam porque nada importa além da amizade e se houve briga ou desentendimento é natural, o que não é normal é permanecer sem compreender o outro.

Ainda tenho saudade de mim quando era feliz e sentia-me assim. Tenho saudades de mim quando éramos dois. Saudades de ti, não mais, apenas uma estranha sensação que me faz acordar com vontade de estar dormindo pra perceber que a vida não passa de um sonho...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mas nem tudo está perdido!

A simplicidade de se estar sorrindo
Faz-nos sempre mais unidos
Falar de amor é fácil
Falar de coisas bonitas é agradável
Só que poemas são somente palavras
Palavras da boca para fora
Rimar não é preciso
Ver
Falar
Cheirar
Ornamentar
Cantar
Orar
Viver
Ta vendo como as coisas são?
Vai tudo bonitinho rimando, rimado, estando...
Rimando com o ar que respiramos
Mas no final não dá
Viver não dá
Falar de verdades
Incomoda
Falar a verdade
É incômodo
Escrever sobre problemas
Incomodante
Falar de violência
É normal, banal e vital para quem comunica
Mas por qual motivo ler um poema que fala da dor?
Que descreve seqüestros
Que relata sofreres e desamores e lágrimas e tristeza e maldade e morte...
Pra isso nem leia, ninguém lê
É só abrir os olhos e ver
ver o mundo
se ver
Tem gente que ainda vê na TV
E diz que não é sério e fala que é normal
Tudo é normal
Estamos esperando o próximo acontecimento
Enquanto a próxima vítima não for agente
[se já não é
Está tudo bem
Está tudo ótimo
Ria do que aconteceu ontem
E chore pelo que vai acontecer amanhã
Pode chorar hoje
Dê-me de presente
Viver o presente
Acontecer
Acontece
As redes tece
Conte
Cante
Fique preso,
Prenda-se e seja feliz atrás de suas grades que te escondem o mundo
que te escondem do mundo
que pra você ainda
é imundo
e então
mude

Primavera no Parque

Ontem à tarde fui ao parque municipal. Gente como é bom brincar de ser criança, de ver o tempo passar e sentar no banco debaixo de uma árvore e deixar o vento soprar em nossos rostos e levar com ele as lágrimas que teimam em cair dos olhos que perderam o vigor e a vontade de lutar para viver.
Sentei no banco e fiquei conversando com um amigo, mas sem olhar nos olhos dele. Olhando para o céu, para o ar, para as nuvens, para a grama, olhando para o lago, para o lado, olhando para os árvores, para os transeuntes apressados e outros tão calmos que parecia que a vida não ia acabar no outro dia, e diga-se de passagem, de fato, a vida não acabou – coitado dos que correram infelizmente não apressaram o fim, apenas estressaram-se.
Mas como estava dizendo, conversamos e falamos de banalidades e de coisas sérias, falamos de Deus e do demônio, a conversa passou por temas universais como o amor e a falta deste, e coisas sem importância como política e eleições municipais de Belo Horizonte, e olha que coisa estranha, um "votante", nem sei se esta palavra existe ou se virou neologismo, é bem feio o termo, mas se aplica, continuando, sendo um de Sabará e outro de Santa Luzia discutindo as melhores ou as menos piores propostas para uma terceira cidade, onde o povo foi tão ignorante que conseguiu deixar-se enganar por uma falsa realidade.
Olha o raciocínio dos garotos numa tarde de primavera no parque. No final da conversa chegamos a conclusão de que o povo belo horizontino foi enganado, e conseguiu enganar além deles mesmos até os candidatos a prefeitura, veja o exemplo do primeiro turno: O candidato da situação, Márcio e seus aliados conseguiram colocar os opositores em uma situação no mínimo inusitada. Povo, BH ’tá bem! Minas ’tá ótima! O que é bom tem que continuar! -Verdade?! Poxa! E agora Jô? E agora Gustavo que no início era Valadares, terminou 25!? E agora Quintão? E agora José? Todos concordavam com uma coisa: "A administração atual é boa!" Gente, se o que é bom tem que continuar então o que será dos argumentos de quem vai contra o candidato do governo, ops! do povo? Se os opositores concordam que as coisas estão boas, como criticar, a quem criticar? Perderam assim uma das maiores armas políticas: falar mal das coisas atuais. Falar mal do que é feito pelo outro. Deste modo, caíram em grave erro.
Quem falou para o povo de Belô que as coisas estão boas?! Quem foi que disse que tudo ’tá ótimo!? Alguém falou e nós, até agente que não mora aqui, mas tem que ver propaganda eleitoral dos candidatos da capital, acreditou. É verdade: BH está bem e, portanto qualquer um que ganhar não fará diferença. Torço para que seja verdade! Então uma surpresa, a vitória certa foi derrotada, bom para o povo. Quem sabe? Eis que “Óia gente! Levá as eleição pro segundo turno! Isso dá pra fazê!” O falar errado o sotaque de roceiro e o jeitinho de “bão” moço ou de moço "bobo" como diz o povo humilde e simples dos interiores levou Leozinho para o segundo turno.
Mas quem sou eu pra discutir política, talvez, o antigo Curral Del’Rey não vá eleger alguém que cuida de gado e que diz que cuidará de pessoas, talvez, também não queira mais um patrão no poder, eu por mim entre um belo ator que interpreta um excelente personagem injustiçado e um pseudo-fantoche que foge aos padrões convencionais de candidato politico, prefiro não expressar minha opinião. Deste modo, com estas “maravilhosas” opções reservo-me ao direito de permancer calado e lamento dizer isso, mas, ainda assim, prefiro votar lá na minha corrupta Sabará.
Mas enfim, tenho certeza de que este assunto foi o menos complexo que nos envolveu naquela conversa no parque.
Mais ao final da tarde nos despedimos e passou-se mais uma quarta-feira de mais uma primavera passada no parque municpal, não sem antes, é claro, brincar no escorregador...

Sonhos

Durante um período da vida agente descobre que nossos sonhos embora existam, nem sempre são concretizados e que vários destes se tornarnam grandes desilusões e que nossos desejos nem sempre serão realizados, porque, ao contrário do que muitos tentam acreditar nem tudo é do jeito que gostaríamos que fosse. Mas isto não é motivo para desistir dos objetivos e metas e sonhos e vontades, primeiro porque isto não se trata de uma regra e mesmo se fosse poderia haver exceções.
É importante que se tenha os pés no presente, lembre os erros do passado e o olhar no futuro, mesmo sabendo que nada do que se imagina acontecerá, é fundamental que se trace o que se quer para o amanhã, uma vez que quando se deseja algo, as pessoas passam a lutar mais motivadas, quando se quer alguma coisa, mesmo que pareçam impossíveis, aí sim as pessoas fazem, não digo o impossível, até para não repetir a mesma palavra duas vezes, mas sim, talvez o impensável, o improvável para atingir o ideal.
Ter sonhos é bom, realizá-los é muito bom, mas perdê-los é lamentável, sinal da incapacidade de se ser feliz, e não realizá-los pode ser maravilhoso ou o fim, vai depender de como o sonhador perceberá a situação e sua reação pós-não realização. Quando um sonho não acontece durma novamente e embarque em novas terras, novos sonhos, novas vontades, novos desejos...

Última Palavra

Eu não recordo qual foi a última palavra nem a última frase que você disse antes de partir... Eu não sei se isso é normal, mas sempre perco ...